Blog do Torero

Poeminha épico

Torero

(A leitora Bruna Favaro pediu e eu obedeço, republicando no Velharias de hoje um texto de 2002. Por coincidência ele fala de Celso Roth)

Os alas e becões assinalados

Da oriental praia paulistana
Partiram em missão desumana
A bater inimigos colorados.

Depois do empate duro e fero,
Três a três em pleno alçapão,
Queriam ao menos 1 a 0,
e o sonho manter no coração.

Em casa, o torcedor,
Na busca do descanso,
quer esquecer o labor.
E talvez afogar o ganso.

Mas não. Ele senta na poltrona
levando nas mãos, ora veja,
O amendoim, a azeitona,
E a latinha de cerveja.

A mulher, que já o conhece,
Sabe que não adianta se bater.
Hoje nem mesmo com prece,
Verá Said, Jade ou SBT.

Assim que ela, bocejo cético,
Sai para dormir seu sono frio,
O Santos, vestido de Atlético,
Entra no Beira-Rio.

Ele dá uma risada
e se pergunta, otimista,
venceremos de goleada,
com jogadas de artista?

Será daquelas que humilham,
e levam o vencido ao divã?
Com belos gols de William
e lances ousados de Odvan?

Robert, em noite inspirada,
fará gols, dará chapéu?
E tremerá a arquibancada
nos dribles de Michel e Léo?

Preto, claro, fará a festa,
Ou então Paulo, no finzinho.
Talvez Cléber, com a testa,
mesmo Renato, de peixinho.

Não importa do gol o autor,
e sim passar à outra fase.
Voltar dos pampas sem a dor,
de outra vez dizer: Foi quase.

Mas o jogo começa e oh, não!
O Inter avança, ataca, assola.
O Santos, recuado e sem ação,
Mal retém nos pés a bola.

A defesa sofre um bombardeio
O meio-campo perde seu eixo
O ataque não diz a que veio…
E ele, sentado, coça o queixo.

Segue tudo nessa perspectiva
Faz o que pode Fábio Costa.
O torcedor, já na defensiva,
Pensa: Que grande droga…

Ele grita: Marquem esse Diogo!
Mas vem a maldição cruel,
Explodem gaúchos em fogo,
Marca o gol Carlos Miguel.

Cenas sombrias revolvem
Lá no fundo da memória
Cenas que não se dissolvem
E ofuscam a passada glória.

O trágico gol de Ricardinho,
O apito de Márcio Rezende,
Lenda sem flor, só de espinho,
Quando virá o seu The End?

Vem o tempo complementar.
O torcedor diz, coçando os pés
Se sai o gol podemos virar,
Mas tem que ser antes dos dez.

Nada de gol e ele diz: Agora
Só se for antes dos vinte
Senão fica em cima da hora.
Dor, vá lá, mas sem requinte.

Tarda o empate e ele diz: OK,
se jogarmos com afinco,
Ainda sinto que verei
o primeiro antes dos trinta.

O relógio chega a quarenta
E ele, entregando os pontos,
Sem acreditar, ainda sustenta:
Quem sabe nos descontos…

Nem vitória, gol ou lhufas…
Ele desliga a TV, sem viço
E prevê, calçando as pantufas,
O dia de gozações no serviço.

Terá um palestrino desbocado
que com sabedoria arrote:
Eu bem que tinha avisado,
É um burro o Celso Roth!

 

  1. triarniddet

    05/05/2013 22:58:59

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  2. Genaro Dormanen

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  3. Carlos Eduardo S. Souza

    19/12/2010 22:35:39

    Eis a virtude faltante, caro Fábio - não o CostaBravura de fato é não só pensar, mas dizerEu, por exemplo, pensei que a rima era jostaE você, espirituoso, pensou o mesmo, com "b".

  4. Fábio

    19/12/2010 11:00:20

    Caros Tourero e Souza,referido goleiro nada tem de lendário,descrevê-lo ninguém ousa,talvez, aurélio, o dicionárioQue, em sabedoria inerente,define veladamente "Fábio Costa",em termo utilizado comumente,no popular vocábulo "bosta"

  5. Torero

    17/12/2010 21:41:46

    Deve.

  6. Torero

    17/12/2010 21:37:36

    Tens razão, caro Souza,sou poeta que não ousa,pois nem rimo Fábio Costa,com alguma cousa.

  7. Carlos Eduardo S. Souza

    17/12/2010 16:58:14

    Bravo, nosso loquaz plumitivo De cuja pena é o arguto teor!Em prosa ou verso dá-nos lenitivoE troca em troça o nosso dissaborSim, pois se não, qual o quê?Já é quase a morte nosso time perderVou matar?Não! A graça está mesmo em viverE esperar pela chance de terUm dia, a quem cornetarBravo, bravo Torero, repito!Da dor de uma eliminação santistaFazes humor - no que és peritoCom a galhardia digna de um artistaBravo! - mas vamos devagar com o andor...Pois não me enganas de todo, com a poesia impostaSim, tu fugiste da rima - seu poetinha impostor!Ao falar, na estrofe, do Fábio Costa!

  8. Raul Antonio Ferraz

    17/12/2010 13:44:45

    Se o Celso Roth falar mal do Luxemburgo, posso afirmar que é "o Roth falando do esfarrapado"?

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