Blog do Torero

As poças salgadas e vermelhas de Brasileirão City
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Torero

 
(ilustrações: André Bernardino)

Brasileirão City é uma cidade cruel. Uma cidade onde há poças vermelhas e salgadas. Vermelhas pelo sangue e salgada pelas lágrimas.

Dos vinte caubóis do cartaz acima, três ainda lutam para ver quem será o novo xerife. E dois já foram mandados para Série B Village.

O primeiro foi o jovem Bradd Prudent. O segundo foi John Esmeraldine, o tradicional John Esmeraldine. Ele estava há onze anos em Brasileirão City. Onze anos seguidos. E agora terá que voltar aos campos descampados e à grama desgramada de Série B Village.

O duelo que decidiu sua queda foi contra Billy, the Fish.

Billy empunha sua arma mortal, a Colt Neymar

Poucos fãs do caubói esverdeado foram até o Golden Sierra Saloon para assistir a esta derrota sombria. Aliás, sombria mesmo, pois até luz faltou.

Ironicamente, Esmeraldine começou lutando bem e logo acertou um balaço em Billy. Mas o caubói que cavalga nas areias da praia ergueu-se e equilibrou o duelo, conseguindo um empate.

Na segunda parte da lide, o Colt Neymar mostrou por que é a arma mais cobiçada da cidade. Dali saíram três balas perfeitas, a última fazendo uma linda parábola, um tiro em curva de rara beleza. Colt Neymar estava cheio de graça, e isso foi a desgraça para John Esmeraldine.

Outro duelo importante foi entre Will Uai x Joaquim Wayne.

Joaquim Wayne levou um tiro no coração logo no início do duelo.

Desde que encontrou um novo saloon para seus duelos, Will melhorou muito. E ontem não foi diferente. Na Alligator Arena, ele logo foi para cima de Joaquim Wayne e acertou-lhe três tiros, os três pelo lado direito do adversário.

Joaquim até tentou reagir, mas só conseguiu uma bala certeira.

Depois os dois pararam para tomar um uísque e ficaram por isso mesmo. A vitória estava bom para um. Não ser goleado estava bom para outro.

Will Uai venceu, mas ainda terá que contar com a sorte.

Louis Laranjeira, o caubói que usa cartola, precisava vencer Jack tricolor. E venceu.

Mas não foi fácil.

Até parecia que seria, pois na primeira metade do duelo ele já vencia por um tiro a zero, bala disparada pela Gun Gum.

Porém, depois do intervalo, Louis deu um tiro no próprio pé, de novo com a Gun Gum, empatando a luta.

A Gum Gun de Louis é um perigo para os dois lados.

Então Louis Laranjeira começou a errar tiros à queima-roupa, o que o deixou nervoso. Mas mais nervoso ainda estava Jack Tricolor, tanto que perdeu duas de suas armas. Tsc, tsc…

Aí ficou fácil para Louis, que furou três vezes o colete Ceni de Jack Tricolor.

Jack perdeu para a alegria de seus fãs.

O estranho foi que os fãs dos dois caubóis vibraram com os gols. Brasileirão City tem mistérios insondáveis para quem não conhece seus becos.

Por fim, o último duelo foi entre Tim Timão e a bela Victoria Salvador. Tim era o líder, e, se vencesse, estaria com uma mão na estrela de xerife.

Mas logo no começo viu-se que não seria uma parada fácil.

A luta estava equilibrada. E quem vence uma luta equilibrada é quem tem a arma que desequilibra. No caso, Ronaldo, a garrucha dourada. Quando ela aparece, os inimigos tremem de medo e ficam cegos por seu reflexo.

E foi graças à velha e grande arma que Tim Timão acertou a bela Victoria.

Depois do tiro, o caubói alvinegro continuou dominando. Parecia que uma segunda bala logo ficaria entre os belos seios de Victoria. Mas aí aconteceu o que os fãs de Tim mais temiam: a garrucha dourada travou.

Com sua garrucha Ronaldo, Tim é invencível em Brasileirão City. Sem ela…

Sem ela, Tim Timão torna-se um caubói como os outros.

E logo Victoria teve a chance de empatar, em mais um lance polêmico, coisa que não falta na vida de Tim.

Victoria não desperdiçou e empatou a luta.

Victoria Salvador safou-se mas não salvou-se.

Depois, os dois tiveram chances, a cauguel até teve mais, porém nada aconteceu.

Foi um duelo onde ninguém perdeu e os dois saíram derrotados.

Agora, falta pouco para saber quem será o novo xerife da cidade. O sol já começa a se pôr, e se reflete ainda mais vermelho nas salgadas poças de Brasileirão City.


Resposta de Arlindo Chinaglia
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Torero

(Publico abaixo a resposta de Arlindo Chinaglia à carta aberta feita por este blog. Se os leitores tiverem dúvidas, mandem-nas que vou organizá-las e enviar ao deputado para a continuidade desta conversa)

Caro José Roberto Torero

Muito obrigado pela atenção e gentileza em sua carta aberta.

Com a habilidade habitual e usando da ironia (perdoe a obviedade), você questiona as isenções fiscais dadas às empreiteiras para a realização da Copa do Mundo, pela negativa afirma que máquinas importadas com isenção fiscal serão utilizadas depois da Copa, menciona as opinões e vantagens financeiras que terá o presidente da CBF e também presidente do Comitê Organizador Local (Ricardo Teixeira) segundo reportagem do jornal “Lance!”, insinua, e para os maliciosos afirma, que essa lei (decorrente da medida provisória 497) é fruto do financiamento de campanha de 285 em 513 deputados federais.

Agora, como resposta:

O culto jornalista sabe que uma Medida Provisória quando assinada pelo Presidente da República e enviada ao Congresso Nacional entra em vigor imediatamente.

Portanto, o texto não foi elaborado pelos Deputados.

A segunda observação é que o Brasil assinou e assumiu compromissos com a FIFA para a realização da Copa em nosso país. Entre outros, o de benefícios fiscais para empreiteiras.

Algum malicioso poderá duvidar, mas sem autoridade para tanto, que questionamos (apoiado por assessores da Câmara dos Deputados) a Receita Federal, o Ministério dos Esportes, entre outros, em várias reuniões a necessidade e a conveniência de vários benefícios fiscais.

O cenário apresentado a mim durante sucessivas reuniões foi o seguinte: a rejeição de tais benefícios significaria a não realização da Copa do Mundo no Brasil. Aliás, esta resposta foi dada também por Ricardo Teixeira numa audiência pública na Câmara dos Deputados.

Ou seja, o conteúdo da Medida Provisória, os compromissos assumidos e as justificativas apresentadas são do Poder Executivo, que tem autoridade política e legal para tanto.

Isso não significa eximir a Câmara dos Deputados de responsabilidade. E, como parte do trabalho que buscamos realizar, solicitamos informações das vantagens fiscais que foram dadas na Alemanha e na África. Não conseguimos. O intuito era poder comparar, mesmo sabendo que são realidades diferentes. Informo que durante a leitura do meu relatório disse que há uma dúvida para muita gente e para mim também: sem pensar na festa, qual o preço para realizar a Copa em nosso país quando se trata de renúncia fiscal? Quanto o Brasil vai arrecadar de impostos com a realização? Quantos empregos serão gerados?

Então, por minha iniciativa, e aprovado pela Câmara dos Deputados, introduzi um parágrafo que obriga o Poder Executivo a enviar ao Congresso Nacional e divulgar para toda a sociedade a prestação de contas da Copa das Confederações – FIFA 2013 e da Copa do Mundo – FIFA 2014, informando a renúncia fiscal total, o aumento da arrecadação (que se supõe haver), o custo total das obras relativas aos estádios, a geração de empregos e o número de estrangeiros que ingressaram no país. Esta foi uma das duas únicas mudanças que promovi.

A outra foi incorporar o PL 7422/2010, a pedido do ministério do Esporte, que contemplava o restante das ações que as equipes técnicas do Poder Executivo entendiam como necessárias para atender integralmente os mencionados compromissos do Brasil com a FIFA.

Outras alterações foram propostas e aprovadas pelo plenário da Câmara dos Deputados.

A Câmara dos Deputados deveria romper os compromissos que o Brasil, através, do Poder Executivo, havia assumido, e em parte já em vigência?

Ou seja, assumir a responsabilidade de que a Copa do Mundo não seria realizada no Brasil?

É bom considerar também que não fui procurado por ninguém com esta proposta, e não percebo mobilização para que isso ocorra.

Finalizo observando que a carta aberta poderia ter sido enviada há alguns meses, a diferença é que eu não seria o destinatário. Mas prestarei contas com prazer do nosso trabalho.

Arlindo Chinaglia

P.S. Caro José Roberto, o seu notebook pode ser adquirido sem incidência de PIS e COFINS desde a criação do Programa de Inclusão Digital, em 2005.


Toreroteca
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Torero

E vamos à toreroteca da 36a. rodada do Brasileiro.

Lembro que esta é a última rodada em que alguém terá chance de tirar o o campeonato do Corinthians, pois a próxima rodada será contra o Vasco no Pacaembu, onde o time é invencível (perceberam a leve maldade?), e a última será contra o então já rebaixado Goiás. 

Como ainda temos três times disputando o título, o vencedor poderá optar entre três livros:

          

''A Dé cada de Ouro'', o glorioso catatau de Guilherme Guarche sobre as conquistas do Santos nos anos 60,  ''Dos sonhos e seus efeitos colaterais'', que conta as aventuras e desventuras de um jogador brasileiro no futebol da Nova Zelândia, e ''Escudos dos times do mundo inteiro'', de Rodolfo Rodrigues, o mais completo guia publicado no Brasil sobre o assunto.

Pois bem, para isso o leitor apostador terá apenas que adivinhar os três resultados destes jogos:

Vitória x Corinthians  

São Paulo x Fluminense

Cruzeiro x Vasco

Eu arrisco 1 a 2, 1 a 2  e 2 a 0.

Se ninguém acertar os três, vence quem acertar os dois primeiros placares.

Palpitai, oh, nobre torcedor.


Carta aberta para Arlindo Chinaglia
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Torero

Caro Arlindo Chinaglia (PT-SP), fiquei muito contente com a medida provisória aprovada ontem por vocês da Câmara dos Deputados. É realmente importante não cobrar Cofins, IPI, PIS/Pasep e Imposto de Importação para quem vai construir os estádios da Copa. As construtoras brasileiras dificilmente ganham dinheiro com obras públicas, e esta pode ser uma boa oportunidade para que elas se recuperem economicamente.

Aliás, tenho certeza de que elas não irão se aproveitar desta medida para trazer máquinas que depois serão usadas em outras obras. O pessoal diz que por onde passa um boi, passa uma boiada, mas as grandes construtoras são a reserva moral deste país e não fariam uma coisa dessas.

Os invejosos também vão falar que essa lei é trabalho do lobby da construção civil, só porque ele financiou a campanha de 285 dos 513 deputados federais, mas é claro que isso é uma calúnia sem par. Não ligue para isso, Arlindo, o importante é que a Copa seja uma festa linda, e para isso a nação precisa se unir e, se preciso, deixar de cobrar impostos. 

É bem verdade que sempre teremos gente maliciosa lembrando que o Ricardo Teixeira vive dizendo que a CBF é uma instituição privada, que a FIFA é uma instituição privada, mas e daí? 

E daí que foi divulgado por estes dias pelo jornal Lance! que Ricardo Teixeira, presidente do Comitê Organizador Local, como pessoa física, poderá ficar com os lucros da Copa?

E daí que a isenção de impostos é tão abrangente que inclui a compra e a importação de materiais de construção, equipamentos, aparelhos, instrumentos e máquinas para a execução das obras, inclusive aos estádios utilizados apenas para os treinos das seleções que disputarem o Mundial do Brasil?

Arlindo, não ligue para os invejosos. Não vamos atrapalhar o bom andamento da Copa!

É claro que o da Copa rombo vai quebrar o recorde do rombo do Pan (Nuzman vai ficar com uma dor de cotovelo…), porém, tenho certeza que depois o rombo das Olimpíadas vai quebrar o recorde do rombo da Copa (Ricardo Teixeira vai ficar com uma dor de cotovelo…).

Enfim, vamos quebrar recordes e orçamentos! E juntos cantaremos: “Este é um país que vai pra frente, uô, uô, uô, uô, uô… De uma gente amiga e tão contente, uô, uô, uô, uô, uô…”

PS: Caro Arlindo, estou precisando de um novo notebook, que obviamente será usado no meu trabalho durante a Copa do Mundo. Posso comprar sem pagar imposto, certo?


Palestra 1 x 0 Corinthians
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Torero

Agora no Bar da Preta encontrei com Germano, o anticorintiano. Enquanto víamos os melhores momentos do jogo da seleção num telejornal matutino, ele comentou com maldade:

“Não foi o Brasil que perdeu, foi o Corinthians.”

“Hein?”, perguntei sem entender onde ele queria chegar.

Com seu leve sotaque italiano, ele me explicou:

“Só não vê quem não quer: enquanto a seleção tinha jogadores de vários times, a partida estava equilibrada. Ainda mais que o mascarado do Mascherano estava do outro lado. Mas, quando ficou cheio de corintianos na equipe, tomamos o gol. Olha só, já tinha Mano Menezes, Elias e André Santos. E depois entraram Douglas e Jucilei. Com cinco deles a coisa desanda mesmo. Aliás, o Douglas entrou marcando que nem pudim e deu no que deu.”

“É, marcar nunca foi o forte dele…”

“O melhor é que o gol foi marcado por um cara da colônia: o Messi. Por isso, para mim, o jogo foi Palestra 1, Corinthians 0.”

Pensei em argumentar que Douglas e André Santos já tinham saído do Corinthians há tempos, e que Mano Menezes é um gaúcho que começou sua carreira longe do Parque São Jorge, mas nem tive chance. Germano deu-me as costas e saiu do bar cantando uma música de Adoniran Barbosa.


Como roer suas unhas com prazer e gosto
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Torero

 

(Para o Velharias de hoje cozinhei um texto de 1999)

Mesmo sendo um amistoso, o nervosismo no jogo de amanhã da seleção será inevitável. Sendo assim, será inevitável que milhões de torcedores acabem roendo suas unhas. Mas isso não precisa ser necessariamente um sofrimento. Já que teremos mesmo que mastigar as preciosas extremidades de nossos dígitos, por que não fazer disso um prazer?

''Como?'', perguntas tu.

''Comendo'', respondo eu.

Minha proposta é que o torcedor faça alguns molhos e mergulhe suas unhas nesses condimentos a fim de deixá-las mais saborosas. Mas isso deve ser feito com estilo, sabedoria e método. Nada de enfiar o dedo na mostarda e ir roendo as unhas. Um pouco de luxo não faz mal a ninguém. Para ajudar o torcedor, consultei uma gastrônoma, Neiva Augusta da Silva, e fornecerei aqui algumas receitas.

Neiva diz que a boa refeição sempre deve começar por um bom couvert. Sua sugestão é um patê de azeitonas pretas, feito à base de iogurte e maionese e temperado com alguma páprica. Você pode mergulhar seu dedão neste fino petisco e aí roer sua unha com gosto. Mas não exagere, lembre-se de que você ainda tem outros quatro dedos para provar.

Nesta refeição de pratos escolhidos a dedo, seu indicador corresponderá à entrada. A entrada, todos sabemos, destina- se a atiçar ainda mais o apetite do torcedor. Para isso, um leve molho à base de alho e azeite é o mais indicado. Use três colheres de azeite extrafino, uma folha de louro ligeiramente torcida para liberar o aroma, uma colher de chá de cardamomo, sementes de mostarda preta e uma colher de óleo essencial de alho. Deixe tudo descansando e, depois, mergulhe seu dedo nesse fino acepipe.

Evite, porém, distrair-se e tirar melecas do nariz com o seu ''fura-bolo''. Segundo Neiva Augusta, tal condimento não se encaixa nesse tipo de receita.

Finalmente chegamos ao prato principal, que será fornecido pelo dedo médio. Como aqui cabe um molho mais encorpado, recorreremos ao tradicional bechamel, feito com farinha de trigo, leite, manteiga, sal e uma pitada de pimenta do reino. Caso você tenha uma predileção especial por pimenta e queira colocar uma dose a mais, deixe sua cerveja por perto para não perder nenhum lance do jogo.

O anular será a sobremesa. Para contrastar com o pesado prato anterior, o ideal seria embeber sua unha numa suave calda de chocolate, acentuada com uma gota de xerez. Colocar um pedacinho de cereja em calda debaixo da unha pode dar um charme a mais.

Logo depois do jogo, o toque final: colocar a unha do mindinho num capuccino feito com duas partes de chocolate, uma de café solúvel, três de leite em pó, duas de açúcar comum, uma de açúcar mascavo e uma pitada de bicarbonato de sódio para deixar o líquido mais encorpado.

Depois de uma refeição dessa, seu time pode até ter perdido, mas, estranhamente, você não estará tão decepcionado. Talvez esteja até com um incompreensível ar de satisfação no rosto.

Enfim, este é meu conselho para o Brasil x Argentina de amanhã. Mas, se você é um purista, daqueles que preferem roer suas unhas ao natural, deixo um último lembrete: antes do jogo começar, lave as mãos.


ABC do fim de semana
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Torero

Alonso: Errou ao adiar sua troca de pneu e por conta disso perdeu o campeonato.  

 Bahia: Está de volta à primeira divisão. Voltou para ficar ou será um time ioiô, destes que sobem num ano para cair no seguinte?

 C: No sábado, o ABC deu um grande passo para conquistar a Série C do Brasileiro. Ganhou, fora de casa, do Ituiutaba por 1 a 0. O gol foi de Cascata.

 D: O campeão da Série D foi o Guarany, de Sobral. É o primeiro time cearense a ganhar um título nacional. No jogo final (o primeiro foi um empate em 1 a 1), o Guarany ganhou do América-Am por 4 a 1.

Estádio: Na final da Série C, o Ituiutaba foi prejudicado por não ter um estádio com 10 mil lugares, e assim teve que jogar fora de casa.

Furacão: Com um gol de Paulo Báier aos 47’ do segundo, o Atlético-PR venceu o Grêmio Prudente (que estava com dez homens desde os 25’ do primeiro tempo) e passou para o quarto lugar. Uma recuperação e tanto, que começou com Carpegiani e não parou com Sérgio Soares.

Gamova: Ontem, a principal jogadora da Rússia esteve quase perfeita em seus duzentos e dois centímetros.

Harlei: Só não defendeu o pênalti de Conca. Mas quase.

Ingressos esgotados: As torcidas de Bahia e Corinthians conseguiram o prodígio de esgotar os ingressos de seus jogos.

Ipatinga: O time vai mal no campeonato e está bem perto de cair, mas tem o artilheiro da Série B: Alessandro, com 20 gols.

Japão: Fez uma grande partida ontem contra os EUA e conquistou o terceiro lugar no Mundial de vôlei.

Luxemburgo: Finalmente conseguiu tirar o Atlético-MG das últimas posições.

Mark Weber: Correu com o freio de mão puxado (metaforicamente falando, é claro).

Natália: Tem só 21 anos mas fez uma partida de veterana contra o Japão nas semifinais do vôlei.

Olímpico: O Guarani estava há seis jogos sem fazer um golzinho. Ontem marcou um. E olímpico. Mas o empate com o Vitória o fez perder uma posição, caindo para 18º.

Petiz: Sebastian Vettel é o campeão mundial mais jovem da história da F-1.

Vettel sorri ao saber em que posição chegou Alonso.

Quebrado: O árbitro Renato Cardoso, do jogo entre Atlético-PR e Grêmio Prudente, se contundiu e o jogo ficou parado por dez minutos.

Ronaldo: Sofreu pênalti ou não? Há uma boa discussão no post abaixo.

Sheilla: Nossa melhor jogadora no Mundial.

Tropeço: O Fluminense tropeçou feio num time quase rebaixado. Pode lhe custar o título.

Última rodada: No dia 5 de dezembro, Fluminense vai enfrentar um Guarani que deve estar quase rebaixado, e o Corinthians pega um Goiás que já deve estar na Série B. Ou seja, as últimas chances de tropeços são na 36ª. e 37ª. rodadas.

Veteranos: Na Série B há vários veteranos que estão se dando bem. Fábio Júnior é o vice artilheiro da competição, Somália, ex-Sâo Caetano, fez 13 gols pelo Duque de Caxias, Roni, de volta ao Vila Nova que o lançou, marcou 15 vezes, e Dodô tem a melhor média de gol entre os jogadores das Séries A e B.

Fábio Júnior ainda tem fome de bola.

Xingaraviz: Aquele que se intromete de forma inconveniente numa determinada situação. Por exemplo: “Ontem o Goiás foi um xingaraviz para o Fluminense.”

Zé Cabala: O único capaz de dizer quem será o campeão e quem cairá para a segunda divisão. Ele cobra apenas duzentos reais. Mas não devolve o dinheiro em caso de erro.


Todo juiz é ladrão!
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Torero

(Recoloco aqui um texto de 24 de novembro de 2005 que ajuda a entender  o pênalti marcado para o Corinthians ontem)

Sim, jurístico leitor e judiciosa leitora, todo juiz é ladrão. E quem diz isso não sou eu nem a torcida colorada. São estatísticos alemães. E não imagino gente mais séria e com mais siso do que estatísticos alemães.

Explico melhor. É que o leitor Roberto Porto, um econometrista (procurei no dicionário e vi que um econometrista não é especialista em ecos, mas um indivíduo versado em econometria, método estatístico de análise de dados e problemas econômicos), enviou-me um artigo publicado no ''Journal of Economic Psychology'', intitulado ''Favoritism of agents – The case of referees home bias'', que no meu péssimo inglês eu traduziria como ''Favoritismo dos agentes – A tendência dos juízes em favorecer o time da casa''. O texto é de Matthias Sutter e Martin Kocher, professores da Universidade de Insbruck, Áustria.

Tomando como base os jogos do campeonato alemão de 2000/ 2001, Sutter e Kocher estudaram dois aspectos da arbitragem: o tempo de acréscimo dado pelos juízes e a marcação de pênaltis.

Em relação aos acréscimos, viu-se que os árbitros tendem a dar mais tempo extra principalmente quando o time da casa está perdendo por um gol de diferença. Neste caso os acréscimos ficam em torno de 2,75 minutos.

Porém, se o time da casa está vencendo por um gol, a média de acréscimos fica abaixo dos dois minutos. Pode não parecer uma grande diferença, mas estes segundos a mais foram fundamentais para que o Internacional vencesse o Brasiliense no último dia 20.

Passemos à parte mais interessante do artigo: os pênaltis.

Segundo os dois teutônicos (que significa alemães, e não um tipo de daltônicos), no campeonato de 2000/2001 foram marcados 76 pênaltis, 55 para os times da casa e 21 para os visitantes. É claro que, como os times da casa geralmente atacam mais, eles deveriam ter mais pênaltis marcados a seu favor. Mas os econometristas foram espertos e procuraram em reportagens quais os pênaltis que foram, nos dias seguintes, aceitos ou refutados pela imprensa.

Dos 55 pênaltis caseiros, 5 foram dados como injustos. Dos 21 pênaltis visitantes, somente 1 foi classificado como ilegítimo. Além disso, não foram dados 12 pênaltis para os times da casa e 19 para os visitantes (como o caso de Márcio Rezende de Freitas no domingo). Ou seja, em 62 jogadas em que deveriam ser marcados pênaltis, os times da casa tiveram 50 penalidades assinaladas (81%). Já os visitantes, que deveriam ter a seu favor 39 marcações, receberam apenas 20 (51%).

Segundo os autores, este favorecimento ao mandante pode ocorrer devido ao barulho, à pressão da torcida. Para tal afirmação, eles se basearam num experimento inglês com 40 juízes. Todos assistiram a um jogo do Campeonato Inglês pela TV. Metade escutava o som (e a torcida), a outra metade apenas via as imagens. Os que tinham acesso ao som foram 15% mais relutantes em marcar as faltas do time da casa.

Em resumo: todo juiz é ladrão! Mesmo que seja sem querer.

Apito amigo
A pesquisa talvez ajude a explicar um pouco o porquê de o Corinthians ter a fama de ser ajudado pelo ''apito amigo'', seja ele soprado por Javier Castrili ou Márcio Rezende de Freitas. Como trata-se de uma torcida imensa, que canta e pula durante todo o jogo com um amor quase insano (às vezes sendo mais numerosa e/ou ruidosa que o time da casa), os juízes acabam ficando impressionados e pressionados. E isso acaba causando erros como o de domingo. Mas, antes que me acusem de dizer que os torcedores estimulam o roubo, aviso aos corintianos que isto não é uma acusação. Na verdade é quase um elogio: à torcida, não aos árbitros. Estes deveriam estar acima das pressões, deveriam usar tampões morais nos ouvidos.


Como ganhar no futebol hoje e amanhã
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Torero

(Coloco hoje no Velharias, sei lá por quê, um texto de onze anos atrás, inspirado por uma série de textos de Matinas Suzuki)  

  
Nas últimas dez semanas, Matinas Suzuki Jr. vem escrevendo sobre ''Como ganhar no futebol de hoje''. O sábio samurai futebolístico observou que, para vencer, um time precisa de dois bons jogadores em cada posição, planejamento, capacidade de arrecadar dinheiro, preparo físico, comunicação, psicologia, tática, estratégia e coisas assim.

Minha visão é um pouco diferente. Acho que a primeira regra para vencer um jogo, seja na várzea ou na Copa do Mundo, é ter o juiz a seu favor. Nada melhor do que um árbitro que seja cego para as faltas de seu time e tenha olhos de águia para as do adversário. Um bom Castrilli ou um Márcio Rezende de Freitas fazem muita diferença. Eles neutralizam qualquer craque e vencem qualquer estratégia.

Logo abaixo dos juízes, vem Deus. É útil tê-Lo a seu lado, e há vários modos de se conseguir isso. A maneira mais tradicional é ir até Aparecida pedir a benção de Nossa Senhora.

Porém, por via das dúvidas, é bom fazer um trabalho num terreiro. E não se devem esquecer as medalhinhas, superstições e promessas. Até Pelé usava medalhinha. Elas dão mais confiança ao jogador e, dizem alguns, também mais velocidade, resistência e proteção contra contusões.

Quanto às superstições, as mais engraçadas são as dos goleiros, que dão pulinhos, chutinhos nas traves, penduram-se nos travessões e beijam a rede.
E isso sem falar nas promessas, como a de cortar cabelos, andar de joelhos e vestir-se de mulher. Sem a ajuda de santos e bruxos, qualquer craque se torna um perna-de-pau.

Um cartola desonesto também nunca é demais: ele consegue manipular tabelas, parar campeonatos, colocar jogadores suspensos em campo, retardar julgamentos inconvenientes e agilizar o primeiro item desta crônica, a compra de juízes.

Porém, mesmo tendo o auxílio de árbitros, deuses e cartolas, só por segurança, é bom ter um time decente. Não necessariamente 22 bons jogadores, mas alguns tipos são fundamentais.

Em primeiro lugar, é preciso ter um valentão, um daqueles jogadores que têm tanta autoridade que os amigos lhe pedem benção, e os inimigos, licença. Ele pode ser grosso, como o Dinho, craque, como o Zito, ou mediano, como o Dunga, porque, nesse caso, mais do que as pernas, o que importa é a garganta.

Um palhaço também é imprescindível: eles atraem a torcida, animam o ambiente, manipulam a mídia e às vezes até marcam gols. Túlio, Dadá Maravilha, Viola e Serginho (ex-Santos) são alguns exemplos de jogadores bem-humorados.

Um zagueiro com vocação para assassino pode ajudar, mas o principal é não se esquecer do craque, do maestro, daquele jogador que põe ordem no jogo, que atrai a bola como um imã, feito um Cruyff, um Beckenbauer, um Pelé, um Deyna, um Zico ou um Falcão. Um time sem um craque é como uma noite sem lua, como um dia sem sol, como uma banana-split sem banana.

E, mais do que tudo, é preciso gostar de futebol. É preciso rir ao dar um drible, trincar os dentes ao dividir uma bola e gostar de fazer embaixadas até com laranjas. Enfim, como disse Nelson Rodrigues, mais do que tudo há que se jogar com alma, que quem ganha partidas e campeonatos não é a estratégia nem o planejamento nem nada, é a alma.