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Torero
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Dei uma reformada no site. Quem puder, diga o que funciona e o que não deu certo.
O link é este: http://jr.torero.vilabol.uol.com.br/
Torero
Um importante documento recentemente encontrado no Archivo Real del Descubrimiento trouxe uma nova luz sobre a história do futebol, a colonização da América e o papel do nosso continente no mundo.
Trata-se da carta de um integrante da tripulação de Cristóvão Colombo, mais especificamente o cozinheiro Hernán Hernandes.
Deixo-vos cá com esta joia recém descoberta:
Ilhéu de Guanahani, 19 de outubro do ano 1492 de Nosso Senhor Jesus Cristo
Carmencita querida,
finalmente chegamos a algum lugar. Já não agüentava mais o balanço do navio. Vomitei feito uma mulher pejada por toda a viagem. Quando deixamos Palos de la Frontera, no dia 3 de agosto, não pensei que ficaria mais de dois meses sem pisar em terra.
Pensamos até em fazer um motim contra Colombo. Mas, quando estávamos às vésperas da revolução, chegamos às Índias (se bem que há marinheiros que dizem que este é um novo continente).
A beleza dessa ilha, com seus montes e suas serras, suas águas e seus vales regados por rios caudalosos, é um espetáculo tal que em nenhuma outra terra sob o sol pode haver mais magnífica.
Mas o mais curioso destas paragens não é sua natureza, e sim seus naturais.
Vou contar-lhe como os encontramos:
Quando demos à praia não vimos ninguém, mas, olhando ao longe, percebemos uma poeira que levantava e, pé ante pé, nos dirigimos até lá.
Qual não foi nosso espanto quando chegamos a um enorme terreno muito limpo, onde havia uma grama cerradinha e mais de vinte selvagens correndo nus pelo campo. Curiosamente, metade dos silvestres tinha o corpo totalmente pintado de branco e os outros, de vermelho.
Estavam jogando futebol. E bem. Conseguiam passar a bola de um pé a outro de tantas e várias formas que eu só podia crer no que via porque meus olhos não mentem como minha boca.
Aos poucos fomos nos enturmando com os torcedores e descobrimos que estávamos vendo o clássico da ilha, algo como o nosso Real Madrid x Barcelona.
Depois da partida, que terminou em 3 a 3, Colombo chamou os capitães das equipes e disse que tomava possessão da dita Ilha pelo Rei e pela Rainha, seus senhores. Os selvagens em nada se opuseram, talvez por reconhecerem nossa superioridade, talvez por não entenderem patavinas de nossa língua.
Demos-lhes alguns gorros vermelhos e contas de vidro que colocaram no pescoço, e outras coisas muitas de pouco valor, com o que tiveram grande prazer e ficaram tão nossos que era maravilha. Depois nadaram até às barcas, e nos trouxeram fios de algodão em novelos e outras coisas muitas.
Meus companheiros de navio levarão alguns papagaios para vender na Espanha. Já eu levarei Caycos e Lucayo. O primeiro é um ágil ponta-de-lança e o segundo, um respeitável centroavante trombador. Deixarei de ser cozinheiro e me tornarei empresário de futebol, Carmencita querida, com o que penso que finalmente poderei pedir sua mão em casamento.
Receba esta carta como um beijo nas palmas de sua mão, dado por aquele que a ama com desespero e esperança, Hernán Hernandes.
Pois bem, a história não registra se Hernán realmente se casou com Carmencita, mas sabemos que o Atlético de Madri foi tetracampeão de 1493 a 96 graças à dupla Caycos e Lucayo, que depois foi jogar no Liverpool.
O interessante é ver que continuamos com esta tradição, com esta vocação, com este triste destino de exportar matéria-prima.
Se há algo que une o futebol sulamericano, é o fato de que nossos melhores jogadores vão embora para a Europa e para a Ásia mal lhe crescem pelos na cara. Alguns até antes, como é o caso de Messi, que foi para a Espanha aos 11 anos.
No Brasil, este número é assustador. Jogador de futebol já é um dos principais produtos de exportação do país, ultrapassando produtos como banana, maçã e uva. Desde 1993, as exportações já somam dois bilhões de dólares.
Em 2008, 1.776 futebolistas saíram do Brasil. Isso daria para formar 80 equipes, com 22 atletas cada. Ou seja, a primeira divisão do Campeonato Brasileiro é, na verdade, a quinta.
Essa perda dos nossos jogadores é também uma perda de alegria. Vemos jogos piores, menos gols, menos dribles. E, nos fins das contas, perdemos até dinheiro, pois vendemos os jogadores mas pagamos para ver os jogos dos campeonatos da Europa. Como diz Sócrates (o jogador, não o filósofo), é como se vendêssemos Michelângelo em vez de vender suas obras.
É claro que a culpa não é dos jogadores, que têm todo o direito de ir atrás de melhores salários. A culpa é dos nossos dirigentes, dos clubes e da CBF, que não souberam se modernizar, que não souberam, ou não quiseram, industrializar nossa matéria-prima.
Caycos e Lucayo foram os primeiros de milhares. Éramos uma colônia. E, no futebol, ainda não deixamos de ser.