Blog do Torero

Categoria : Futebol

O Goiás e a comida indiana
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Torero

Deve ser estranho ser um torcedor do Goiás hoje.

Por um lado, o time perdeu tudo o que disputou.

Perdeu o campeonato goiano (aliás, nem chegou à final).

Na Copa do Brasil, caiu frente o Vitória, sofrendo um doloroso 4 a 0.

No Brasileiro, caiu para a Série B.

E, na Copa Sulamericana, perdeu a decisão nos pênaltis.

Quatro fracassos.

Por outro lado, nas últimas partidas o time mostrou tanta vontade de vencer que o torcedor deve sentir orgulho do clube. Conseguiu uma vitória memorável sobre o Palmeiras em São Paulo e, nas finais contra o Independiente, mostrou-se melhor que o adversário, só perdendo porque tomou uns gols esquisitos, desses que acontecem em jogo de churrasco de firma no final de ano.

Sim, o torcedor do Goiás deve estar com um gosto amargo e doce na boca, como aqueles pratos estranhos da comida indiana, que não sabemos se são uma refeição adocicada ou uma sobremesa salgada .

Por ora, acho que o torcedor do Goiás ficará dividido. Depois, talvez venha uma ressaca. Afinal, o time não teve nenhuma grande conquista em 2010 e ainda caiu para a segunda divisão nacional, sem falar nas brigas políticas internas, que mancharam o que parecia ser uma administração tranquila (pelo menos para quem está longe) nos últimos dez anos.

Mas deixemos a ressaca para amanhã. Hoje o Goiás pode dizer com orgulho que é vicecampeão da Sulamericana, a conquista internacional mais importante em seus 67 anos de vida.


Viva o dia do cronista esportivo!
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Torero

(Como hoje é o dia do cronista esportivo, republico aqui este texto de 1999)

Nem todos sabem, mas hoje é dia do cronista esportivo. E se nem todos sabem disso, menos ainda são aqueles que sabem porque esse dia, e não outro qualquer, foi escolhido para homenagear a categoria.

É uma bela história. Tudo começou em Roma.

Como se sabe, era comum naqueles dias as pessoas irem ao Coliseu para ver cristãos serem devorados por leões. Não era o que se podia chamar de um jogo equilibrado, e por isso o esporte não fazia muito sucesso.

Numa certa tarde, o estádio estava só metade cheio como sempre e as pessoas olhavam aborrecidas para aquele espetáculo de trucidamento sem graça e emoção. Muitos conversavam entre si e não eram poucos os que roncavam.

Tudo ia assim, nessa modorra, até que um destemido jovem chamado Aulus Lépidus atirou- se na arena e foi observar de perto a dentada final, a prostração do escravo e, por fim, a calma deglutição do rei dos animais. Ficou ali até que o último pedaço humano foi engolido e então correu para a redação da “Acta Diurna”, onde fez uma descrição emocionante de todos os lances daquele duelo.

Para quem não sabe, o “Acta Diurna” é, talvez, o primeiro jornal da história e era colado nas paredes de Roma para que os cidadãos pudessem ficar sabendo dos atos governamentais. Até então ele parecia mais com um diário oficial e poucos leitores lhe davam importância. Porém, no dia em que Aulus Lépidus introduziu a editoria de esportes, as coisas mudaram.

Quando aquela edição da “Acta Diurna” foi afixada, uma grande a aglomeração se formou. E foi tão grande o sucesso que os copistas tiveram que trabalhar dobrado para dar conta dos pedidos. Era só disso que se falava nos banhos públicos.

Conta-se que a, digamos, reportagem, foi lida numa sessão do Senado e que o imperador Constâncio Cloro quis conhecer pessoalmente o rapaz que era a sensação da cidade.

Aulus Lépidus, contente com a fama, passou a fazer reportagens semanais. Todos os domingos ele entrava destemidamente na arena e acompanhava de perto o duelo entre leões e cristãos. Aquelas primeiras reportagens esportivas eram muito úteis para todos. Os estádios ficaram cheios, a “Acta Diurna” passou a ser mais lida e os cristãos ficavam contentes porque tinham a chance de dizer umas últimas palavras que saíam na imprensa. Lépidus ganhou fama, dinheiro e mulheres.

Aí é que começou o problema. Entre estas mulheres estava Flávia Faustina. E por causa dela é que nasceu o dia do cronista esportivo. Explico tudo abaixo.

Flávia Faustina era casada com Marcelus Brunus, que, por uma triste coincidência, era quem alimentava os leões. Quando Brunus descobriu que sua mulher o traía com Aulus Lépidus, o primeiro repórter de campo da história, planejou uma suculenta vingança. Ele não alimentou os leões naquele dia. Um deles, inconformado com um vaziozinho no estômago, considerou que Aulus Lépidus daria uma boa sobremesa. Júpiter o tenha… Aulus Lépidus é considerado até hoje o mártir da crônica esportiva.

Isso aconteceu num longínquo 8 de dezembro e é por isso que hoje se homenageia tão ilustre categoria.


Vencedor da Toreroteca
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Torero

Houve cerca de 250 palpites e uns oito ou nove leitores apostaram que o gol do título seria de Emerson. O prêmio vai para o Cipriano.

Mande aí seu endereço, Cipriano.


O último pôr-do-sol em Brasileirão City
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Torero

Agora é recolher os corpos, enxugar as lágrimas, limpar o sangue.

Chegaram ao fim os duelos em Brasileirão City. E foi um último dia emocionante. Três destemidos caubóis poderiam ficar com a estrela dourada de xerife: Will Uai, Tim Timão e Louis Laranjeira.

Quem quisesse saber de tudo, teria que ficar com os olhos numa luta, os ouvidos noutra, e com o nariz na terceira, para sentir o cheiro chumbo e sangue.

Mas havia ainda outras lutas e outros caubóis interessantes. Alguns lutando pela glória, outros, pela vida.

 

Era o caso de Victoria Salvador e Dave Dragon. A bela cauguel tinha que vencer para não ser mandada para Série B Village. E ela lutou como pode. Mas estava nervosa demais e o confronto terminou sem tiro certo nem sangue derramado. Aliás, as melhores chances acabaram ficando com Dragon, agora o único caubói do cerrado em Brasileirão City.   

 

Outro que foi expulso da nobre cidade foi o jovem Pete Prudente. Em seu duelo de despedida, levou três balaços de James Colorado. Pete, o homem sem nome e sem cidade, terá que lutar muito para voltar a Brasilerão City.

  

Sancho Pampa teve um encontro decisivo com Set Fire. Decisivo, mas não difícil. O alvinegro e solitário caubói estava nervoso e logo perdeu seu chapéu Santana. Isso o perturbou ainda mais, e em seguida levou o primeiro tiro. Pouco depois, o segundo. E o terceiro veio no começo da parte final. Sancho teve uma recuperação impressionante este ano, e há até quem diga que seu chapéu Gaúcho foi o melhor da competição. 

 

Outro caubói celeste se deu bem nesta rodada final de duelos. Foi Will Uai, o destemido das gerais. Ele venceu Big Green na Arena Alligator. Parecia que seria uma luta fácil, pois Green veio apenas com armas de brinquedo. Mas os revólveres de água estavam carregados com algo mais ácido, e logo cegaram um olho de Will. O caubói mineiro teve que lutar muito, e só no último minuto é que conseguiu virar a situação e acabar como vice-xerife. Um razoável prêmio de consolação. Se Will pudesse ter feito seus duelos no Saloon Big Boy from Minas, talvez tivesse sido o grande vencedor do ano. Mas não existe “se” em Brasileirão City.

 

Um duelo surpreendente aconteceu entre John Esmeraldine e Tim Timão. John, assim como Big Green, levou armas de criança para lutar. Mas seus estilingues se mostraram melhor que seus revólveres. Tanto que ele começou vencendo, aproveitando-se de um furo no colete de Tim.

 

Tim, porém, era melhor e lutou muito, mas só conseguiu empatar o duelo. Estava nervoso e, para seu azar, as balas acabavam no colete de Esmeraldine ou na trave de alguma mesa. Com o empate, Tim acabou em terceiro lugar. Se sua principal arma, uma Ronald Colt 145 (quilos, não calibre), estivesse um pouco melhor, poderia ter ficado com a estrela dourada. Tim ainda depende muito deste bom mas antigo revólver. Seria bom ir se acostumando a lutar sem ele.

 

O índio Guarani, por já estar com passagem comprada para Série B Village, dava a impressão que seria uma presa fácil para Louis Laranjeira. Ledo engano. O Guarani lutou como nunca. Se tivesse sido sempre assim, talvez continuasse na capital dos duelos.

A luta ficou empatada por 61 minutos. 61 minutos de aflição para Louis e esperança para Tim e Will. Mas então, com uma bala que passou entre as pernas de duas cadeiras, Louis finalmente fez verter o sangue do índio. Guarani não tinha mais forças para atacar. Aquela tinha sido a bala final, para alegria e glória de Louis Laranjeira.

 

Foi uma conquista dura, difícil, contra valorosos inimigos, e que veio apenas nos instantes finais. Por isso mesmo, mais saborosa. Ela se deve em boa parte ao chapéu Muricy, um tanto cinzento, mas que protege bem e ajuda Louis a pensar com mais lógica.

Aliás, os chapéus fizeram a diferença. Tim Timão perdeu o seu, da marca Mano. Louis manteve o seu. E isso acabou decidindo as coisas em Brasileirão City. Isso e milhares de outros detalhes.

Agora o sol já se pôs e cai a noite sobre Brasileirão City. Mas, na memória, este dia não acabará nunca. Na memória dos fãs de Laranjeira, este glorioso dia nunca verá o sol se pôr.

PS: As ilustrações de André Bernardino para este post foram feitas a partir de cartazes de filmes clássicos.


Pesquisa
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Torero

Neste domingo você preferiria ver qual jogo pela tevê. Corinthians, Cruzeiro ou Fluminense?


Toreroteca do gol campeão
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Torero

Quem fará o gol campeão?

Esta é a pergunta da toreroteca de hoje.

Será Ronaldo aos 17’ do primeiro tempo?

Será Fred aos 3’ do segundo?

Será Wellington Paulista na prorrogação?

É claro que a coisa pode ser mais complicada. O Fluminense pode ganhar de 4 a 0, e nesse caso o gol campeão seria o do 1 a 0. Ou então o Guarani pode vencer (em tempo, acho a mala branca algo aceitável) e o Corinthians ficar no zero a zero. Nesta hipótese, o gol campeão seria de alguém do time campineiro.

Mesmo que ninguém acerte na mosca, inventarei uma regra e mandarei o prêmio para um dos apostadores. Aliás, o livro é este aqui:

Por que um livro sobre o Fluminense? Porque ele é o mais provável campeão, ainda mais que o Marcio Rezende de Freitas já se aposentou (o Simon, juiz de Fluminense x Guarani, às vezes erra, mas não tanto).

Mande aí seu palpite.

O meu é Conca, aos 22’ do primeiro tempo.


Sempre às sextas: E o “Prato de Comida” vai para…
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Torero

 Texto de Marcio R. Castro

A última rodada do campeonato, finalmente. Além da luta pela vaga na Libertadores e da briga para se manter na primeira divisão, uma acirradíssima disputa pelo título. Nada mal. 

Mas eu gostaria que outra taça também estivesse em jogo nesse domingo. Uma que não fosse conquistada dentro das quatro linhas, mas ainda no vestiário: o inestimável troféu “A Bola Tem Que Ser Um Prato de Comida”, destinado aos representantes da nobre arte de motivar jogadores.

É mesmo uma pena que as palestras motivacionais dos treinadores não sejam televisionadas, ao vivo. Ou filmadas em película. Depois de saírem de cartaz, transformadas em DVD e colocadas à venda. Não entendo por que nos privam desse espetáculo curioso e grotesco.

A reação dos jogadores seria um capítulo à parte. Dos poucos constrangidos aos muitos com a pele toda arrepiada com aquelas tocantes palavras, todos renderiam extras preciosos, ainda que hilários. 

Trilhas sonoras melosas, trechos de filmes edificantes, visitas de padres e pais-de-santo, Içamis Tibas diversos, cartas de familiares, faixas de campeão distribuídas antecipadamente, dinâmicas de grupo, recortes de jornal. Vale de tudo um pouco para inflamar o elenco, para conseguir aquele algo mais. Qualquer frase vira menosprezo do adversário, toda opinião da imprensa é uma afronta à honra (e uma arma singular a serviço dos motivadores).

Pelo visto, tais estratégias realmente surtem efeito na maioria dos boleiros. No fim das contas, talvez seja só mais um aspecto do ambiente infantilóide em que vivem os jogadores de futebol. Paparicados e controlados em regime de internato, muitos parecem crianças abobalhadas, que se impressionam facilmente com discursos manipulativos e lotados de clichês.

Imagino que os mais veteranos até achem graça dos “professores” e suas táticas mirabolantes de motivação. Ou não, já que muitos deles, ainda em atividade, assumem o papel bravamente.

Por isso, fiquemos tranquilos: novas gerações continuarão surgindo para mexer com os brios dos nossos craques. Só nos resta torcer para que, algum dia, tenham mesmo a ideia de televisionar.


Sete respostas de Arlindo Chinaglia
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Torero

(O deputado Alindo Chinaglia respondeu as sete perguntas feitas por leitores aqui do blog. Eis as respostas)

Caro José Roberto Torero,

Agradeço pelas generosas palavras. Ao redigir a resposta, sábado passado, estava em Monte Aprazível a trabalho.

Leio sua coluna sempre que posso e admiro. Concordo com suas observações quanto ao porquê de o tema ter atraído a atenção de mais leitores do que matérias relativas ao próprio futebol.

Isto sempre reforça a esperança de que, cada vez mais, as pessoas participam da vida política e social do País.

Agradeço, ainda, a boa seleção de perguntas. (Garrincha jogou também no Corinthians).

Vamos às perguntas e às respostas.

 

1) Há algum dado que demonstre que Copa do Mundo realmente traz benefícios?

Trabalhamos com os dados disponibilizados pelo Ministério do Esporte, que aponta os seguintes benefícios:
– investimentos em infraestrutura: R$ 33 bilhões:
– turismo incremental: R$ 9,4 bilhões
– geração de empregos: 330 mil permanentes e 380 mil temporários
– aumento no consumo das famílias: R$ 5 bilhões;
– arrecadação de tributos: R$ 16,8 bilhões
Tal estudo encontra-se disponível a partir do link abaixo:
http://www.esporte.gov.br/arquivos/assessoriaEspecialFutebol/copa2014/estudoSobreImpactosEconomicosCopaMundo2014.pdf

2) Prestação de contas depois da Copa não é pouco? Ela não seria mais útil se acontecesse durante a preparação para a competição? A Câmara tem algum movimento neste sentido? Haverá uma comissão especial para fiscalizar as obras e gastos públicos com a Copa?

Para determinados objetivos, a exemplo da conferência dos resultados mencionados na resposta anterior, só é possível ao final das Copas (das Confederações e do Mundo).

Isso não exclui outras iniciativas, principalmente para fiscalizar a realização de processos licitatórios ou a ausência deles, preços praticados, para saber se são ou não compatíveis com os de mercado, aditamento de contratos etc. Nesse sentido, a legislação brasileira já prevê atribuições a órgãos como o Ministério Público ou o Tribunal de Contas da União.

Na Câmara dos Deputados, foi criada, na Comissão de Fiscalização e Controle, uma Subcomissão para Acompanhamento, Fiscalização e Controle dos Recursos Públicos Federais Destinados à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016

3) Nos últimos 16 anos, as medidas provisórias se tornaram uma rotina. E quase nunca encontram objeção. Se a Câmara tem papel de fiscalizar o poder executivo, por que há receio de derrubar uma Medida Provisória? Isso não conflita até a necessidade de ter um Congresso?

Quando a Constituição foi editada, vinte e dois anos atrás, podiam ser editadas medidas provisórias sobre qualquer assunto, com infindáveis reedições.

A Emenda Constitucional n. 32/2001 extinguiu a reedição de medidas provisórias, estabeleceu a proibição de que elas regulassem determinadas matérias (a exemplo de normas relativas a cidadania, nacionalidade, questões orçamentárias, poupança popular) e determinou o trancamento da pauta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal após decorridos 45 dias de sua edição.

É certo que o sistema ainda possui imperfeições, tanto assim que, em 2008, quando presidia a Câmara dos Deputados, trabalhamos e foi aprovada em primeiro turno Proposta de Emenda Constitucional que buscava aprimorar ainda mais as regras relativas à edição e tramitação das medidas provisórias. Tal Proposta ainda não foi votada na Câmara dos Deputados em segundo turno. Este é um tema em permanente debate, pelo menos para alguns.

Quanto à utilidade do Congresso, ele sempre é necessário e precisa ser fortalecido, pois é o Poder mais democrático e representativo das muitas opiniões existentes na sociedade.

4) O documento da Fifa que propõe que a importação seja livre, ou seja, que pede perdão fiscal e, em última instância, dinheiro público, está disponível para a população?

Não sei se todas as informações estão disponíveis para a população. Até porque, na elaboração do relatório da medida provisória, busquei ter acesso a diversas informações e não as obtive por escrito, mas apenas verbalmente.

O que está disponível para o público é uma síntese dos compromissos assumidos pelo Brasil com a Fifa, disponibilizado pelo Ministério do Esporte conforme link abaixo:

http://www.esporte.gov.br/arquivos/assessoriaEspecialFutebol/copa2014/garantiasGovernamentais.pdf

As medidas tributárias mencionadas no referido documento são aquelas constantes do Projeto de Lei n. 7.422/2010, incorporadas no relatório da medida provisória, bem como as previstas no Projeto de Lei Complementar n. 579/2010, que autoriza os Municípios e o Distrito Federal a concederem isenção de ISS à Fifa e a outras pessoas relativamente a serviços prestados relacionados com a Copa das Confederações e com a Copa do Mundo.

5) Provavelmente o Ministério do Esporte fez um estudo a respeito dos ganhos e custos com a Copa, como empregos gerados, aumento de receitas, ganhos com turismo, custo das obras, renúncia fiscal, etc. E provavelmente a Câmara fiscalizou isso, com um segundo estudo, independente. Poderíamos ter acesso a um link, cópia ou algo assim?

Sem ter todos os dados disponíveis, fica impossível qualquer estudo independente. Por essa razão é que optamos por incluir no relatório e foi aprovada a prestação de contas ao final da Copa do Mundo, ocasião em que a Câmara dos Deputados poderá comparar os resultados efetivamente obtidos com aqueles inicialmente previstos pelo Ministério do Esporte.

6) Qual a lógica de tratar de renúncias de arrecadação em um momento em que já se discute, no período pós-eleitoral, alternativas para financiar as reais carências do Brasil (leia-se boatos sobre o retorno da CPMF)?

Na medida em que o Brasil se candidatou a sediar uma Copa do Mundo e assumiu compromissos com a Fifa, entendemos que tais compromissos devem ser honrados. Além disso, os benefícios fiscais relacionados com as Copas são transitórios. Por fim, há que se observar que, segundo as estimativas feitas pelo Ministério do Esporte, a renúncia fiscal é da ordem de 300 milhões de reais, ao passo que o aumento de arrecadação estimado é da ordem de 16,8 bilhões de reais. Portanto, o Estado vai arrecadar quase cinquenta vezes mais do que a renúncia fiscal estimada.

7) Se há meios de se melhorar a infraestrutura para a Copa, é sinal de que há condição de se fazer isso sem a Copa. Por que tivemos que esperar por ela?

Até agora, não se fizeram determinados investimentos em infraestrutura por falta de recursos ou porque foram considerados prioritários outros investimentos, inclusive relacionados com infraestrutura, a exemplo do Programa de Aceleração do Crescimento.

Acredito que um evento como a Copa obriga um trabalho articulado das 3 esferas de governo. Acredito, ainda, que terá um efeito mobilizador de recursos e investimentos, inclusive da iniciativa privada, visto que acaba sendo criado um grande mercado consumidor. A conferir.


Link legal – Mario Monicelli
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Torero

Clique aqui para ver a abertura do filme “O incrível exército de Brancaleone”, um grande filme de Mario Monicelli, que se suicidou ontem, aos 95 anos,  atirando-se da janela do hospital. Um final que combina com ele.

Quanto ao filme, de certa forma é o pai de “Em busca do cálice sagrado”, do Monthy Phyton.

Quem não viu está perdendo um filmaço.


Tico, Teco e a tabela do Brasileiro
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Torero

 

Quando cheguei ao Bar da Preta, os dois estavam lá na mesa do canto.

Um era Tico, supervisor de planejamento avançado de tabelas da CBF. O outro era Teco, diretor adjunto de regulamentos e afins.

Sentei-me na mesa ao lado, abri o jornal para que não me reconhecessem e fiquei escutando a conversa da poderosa dupla.

“Pois é, Teco, andam reclamando que estes últimos jogos estão uma barbada.”

“Mas estão mesmo, Tico. Você já tinha visto o São Paulo perder de 4 daquele jeito? O Vasco também não foi grande coisa ontem. E nem vou falar do Palmeiras. Depois que tomou o segundo gol, ficou com medo de passar do meio de campo.”

“É verdade. No segundo tempo, quando o Kléber deu um chute, deu para ver ele torcendo para a bola não entrar.”

“Quase vibrou quando o goleiro defendeu.”

“É, eu vi. Tem uma turma que não está se esforçando mesmo. E na próxima rodada vai ser igual.”

“Que vai, vai, Tico. Goiás e Guarani já não querem nada com nada.”“O pior é que andam dizendo que a culpa por este final de campeonato chocho é da tabela.”

“Adoro quando falam da gente.”

“Eu também, Teco.”

“Só que tem uma turma querendo mudar a tabela.”

“Em time que está empatando não se mexe.”

“Também acho, mas eles, não. Tanto que já há duas sugestões. Uma turma quer que o segundo turno tenha uma ordem diferente de jogos. Assim, o primeiro colocado começaria enfrentando o último, depois o penúltimo, aí o antepenúltimo e assim por diante.”

“Ah, entendi. Querem guardar os jogos decisivos para o fim. Uma mistura de pontos corridos com mata-mata.”

“É.”

“Hum, tem sua lógica, Teco…”

“O outro grupo está sugerindo que os clássicos regionais devem ficar para o fim.”

 “Hum…, bem bolado. Realmente, se o Vasco tivesse jogado contra o Fluminense e o Palmeiras contra o Corinthians, os jogos de domingo teriam tido mais sangue. Ou, pelo menos, algum suor. Eles não iam querer facilitar as coisas para os maiores inimigos.”

“Então vamos mexer na tabela, Tico?”

“O quê? Ceder à simples lógica? Nunca! Nós somos artistas, Teco, e arte tem que ser polêmica.

“Assim que se fala, Tico! Viva a arte das tabelas!”

“Viva!”

Então eles brindaram com seus copos de café com leite e tomaram um grande gole. Depois, Tico cochichou:

“Na verdade, eu não quero é mexer no Excel de novo. Dá um trabalho…”

“Eu sei, Tico, eu sei.”