Romeu perguntou a Julieta: “O que há num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, não teria o mesmo perfume?” 

E eu, entrando no meio da conversa, respondo: “Sim teria o mesmo perfume. Mas não o mesmo sucesso.”

Imagine se a rosa se chamasse, sei lá,  borracãnia. Você diria, caro leitor, ao entregar um botão a uma donzela: “Uma borracãnia para uma borracãnia”? Acho que não. E a leitora ficaria lisonjeada ao ser chamade de borracãnia? Duvido.

Os nomes moldam um pouco as coisas nomeadas. E talvez tenhamos um tanto disso nos clubes de futebol.

Para checar esta tese (aparentemente) estapafúrdia, pesquisei os nomes e as colocações dos clubes. E reparei que há uma divisão em quatro grupos claros, que são os do título do texto.

Comecemos com os atléticos, onde temos o Clube Atlético Mineiro, o Clube Atlético Paranaense e o Atlético Clube Goianiense, que prefere a ordem inglesa, com o nome no fim. Pois bem, este grupo é o pior do Brasileiro. Somando seus pontos e dividindo por três, chegamos a uma pífia média de 25 pontos.

Ou seja, os atléticos estão fora de forma.

O Paranaense ainda salva o grupo, graças à arrancada que deu no pós-Copa, tanto que hoje está em sétimo lugar, bem longe da temível zona de rebaixamento. Mas os outros dois… Tsc, tsc. O Goianiense teve uma recuperação mas parece ter batido no teto. E o Mineiro vem tendo azares que me lembram aquele Palmeiras que caiu para a segundona (Palmeiras que, aliás, naquele ano começou comandado por Luxemburgo).

Com uma média bem acima dos atléticos vêm os futebólicos. O grupo é formado por:

• Avaí Futebol Clube  
• Fluminense Football Club  
• Guarani Futebol Clube 
• Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense 
• Grêmio Prudente Futebol
• Santos Futebol Clube  
• São Paulo Futebol Clube 

Notem o elegante “Football” do Fluminense e o ainda mais antigo “Foot-Ball” do Grêmio (que na verdade deveria ser chamado de Alegrense).

Pois bem, os futebólicos têm a boa média de 29,8 pontos. E, se não houvesse a ovelha negra prudentina, a média saltaria para 32. Mas o time de menor torcida do Brasileiro parece que não escapará do rebaixamento.

Entre os futebólicos, o melhor é o Fluminense, que ontem fez uma partida emocionante com o Flamengo. Mas algo acontece com o Tricolor. Ele venceu apenas um dos seus últimos sete jogos. É certo que vem tendo problemas por conta de contusões: Emerson e Fred estão há um bom tempo fora do time, e ontem Deco fez bastante falta, mas o elenco é bom e ganhar uma em sete é pouca coisa.

Talvez o Flu esteja sofrendo de maracanite, uma síndrome de abstinência do estádio carioca (que vai se agravar nas próximas rodadas), ou quem sabe a equipe tenha se empolgado com a liderança e achado que podia atacar mais e defender um pouco menos.

Um curioso grupo é o dos regatianos, formado pelos outros três times do Rio. A saber:

Clube de Regatas do Flamengo, Botafogo de Futebol e Regatas, e Clube de Regatas Vasco da Gama.

Notem que apenas o Botafogo tem futebol no nome e poderia estar entre os futebólicos, mas este grupo estava meio vazio e eu o deixei por aqui.

Os outros dois são clubes de regatas e apenas de regatas. Talvez por isso estejam boiando ao léu neste Brasileiro. Nem estão à beira da catarata da Série B, nem estão perto da ensolarada praia da Libertadores. A média dos regatianos fica em 31,3, mas em grande parte graças ao Botafogo, que tem 38 pontos e ocupa a quinta posição.

Por fim temos os esportistas. São os clubes que usam a palavra “esporte” no nome. Com variantes, é claro. O Ceará, por exemplo, chama-se Ceará Sporting Club (poucos sabiam disso, não? Futebol também é cultura). O Inter e o Corinthians usam “Sport”, Vitória, Cruzeiro e Goiás preferem a língua mãe e recorrem a “Esporte”, e a Sociedade Palmeiras é “Esportiva”.   

Pois bem, os clubes esportivos estão no alto da tabela, com a excelente média de 33 pontos. Só o Goiás puxa o grupo para baixo, com seus 21 pontos. Mas Corinthians, 44, e Cruzeiro, 41, compensam a fraca pontuação da equipe esmeraldina.

E o que esta “nerd” explanação prova? Que o futebol é mais que atletismo, que não se deve prender um clube apenas ao futebol, que os regatianos estão à deriva e que o melhor na vida é ser esportivo.

De preferência no sentido que o Houaiss dá ao termo, ou seja: “bem disposto, jovial, ativo, bem humorado”.

O resto é tristeza.