Cinco livros e uma toreroteca
Torero
Há tempos eu não escrevo aqui sobre livros e uns leitores até reclamaram. Então vou quitar toda a minha dívida de uma vez, escrevendo sobre vários de um só gole. Não farei críticas sérias, claro, mas sim umas impressões de leitura.
Eu gosto muito deste autor. Mas, deste livro, nem tanto. Ele reconta um caso verídico acontecido com Sir Arthur Conan Doyle, que, na vida real, deu uma de detetive e ajudou um jovem advogado que foi preso e acusado de certos crimes. Para os fãs de Sherlock Holmes, o livro pode funcionar como uma biografia de seu autor, e aí se justifica. Mas, como romance, ficou um tanto gordo demais, e tive que lutar um pouco para chegar ao fim.
É um livro que conta em pílulas a história de Cuba. Mas a ideia não é contar uma história exata, tanto que não há nomes nem datas. Creio que a intenção de Cabrera Infante é criar um romance caleidoscópico ou algo assim, mostrando mais a natureza moral da ilha do que sua história. A leitura foi rápida e leve, com vários bons momentos, mas não chegou a ser um livro marcante. Certamente o será para quem se interessa e conhece mais profundamente a história de Cuba.
Esse é bem complicado de explicar. Não acontece nada, mas você se interessa pela história. Não há uma trama, um fato central, mas as descrições de sentimentos e sensações são tão bem feitas que você tem curiosidade em saber o que acontece com o personagem (um menino que vive na África do Sul no pós-guerra). Porém, não acontece muita coisa. O livro faz parte de uma trilogia. Estou cá em dúvida se leio ou não a segunda parte. Acho que lerei.
Leandro Narloch trabalhou na melhor e na pior revistas do Brasil, pelo menos, na minha opinião. A saber, a Superinteressante e a Veja. A primeira tem diagramação revolucionária, textos excelentes e uma busca pelo saber, uma tentativa de entender os fatos. A segunda, de nobre passado, tornou-se panfletária e hoje já não inspira a menor confiança. Já não busca entender os fatos, mas explicá-los conforme sua ideologia. Este livro é um tanto das duas coisas. Há ótimos trechos, em que se busca dar um novo enfoque, descobrir um novo ângulo sobre um assunto (como, por exemplo, o que fala sobre os índios, que não os mostra como um bom selvagem, como um ser cândido e puro, destituído de má índole) e outros em que o autor tenta apenas chocar, como o que fala que Gregório de Martos foi um dedo-duro, o que não tem o menor apoio em dados históricos. Ou seja, quando Narloch investiga sem preconceito, parece que estamos diante de uma boa reportagem da Superinteressante. Quando tenta chocar por chocar, parece que estamos lendo uma daquelas reportagens parciais da Veja.
E eis cá o melhor livro destes cinco. Ou, pelo menos, o que me deu mais prazer. Aliás, nunca li nada do Nabokov que fosse apenas médio. Ele é sempre bom. E este livro é ótimo. Personagens palpáveis, história com reviravoltas surpreendentes, estilo elegante, etc… Eu o comprei há anos, mas, como a capa não me agradou, o coitado ficou na estante. Erro meu. Não se julga um livro pela capa, diz o ditado. E ele está certo. É um livraço.
Mas vamos ao que interessa, que é a nossa toreroteca. E o livro-prêmio de hoje (no qual ainda estou na metade) é “Dos sonhos e seus efeitos colaterais”, de Felipe Longhi Malheiro. Felipe foi jogar futebol na Nova Zelândia e conta aqui como esta aventura. Aliás, conta bem contado, com humor e sem auto-indulgência. Até hoje não tinha visto um livro em que um jogador explicasse tão a miúdo como é jogar no exterior (provavelmente porque poucos jogadores teriam condição de fazê-lo). Para melhorar, a editora maisQnada fez um bom trabalho de diagramação, dando um ar esperto ao livro, cheio de ilustrações, fotos coloridas, boxes e outras bossas. Para quem quiser o livro e não ganhar a toreroteca, o site da editora é este aqui: http://maisqnada.com.br/
E vamos à pergunta da toreroteca, que é a seguinte: Quais serão os placares de:
São Paulo x Corinthians
Fluminense x Vasco
Vitória x Cruzeiro
Meu voto é 2 x 1, 2 x 0 e 0 x 1.
Se ninguém acertar os três placares, ganha quem acertar primeiro os dois primeiros.