Blog do Torero

Três livros: dois de um e um de dois.

Torero

  Vou começar pelo um de dois, que é um livro de dois autores.  “Ponte Preta, a torcida que tem um time”, de André Pécora e Stephan Campineiro, é um respeitável livro de mais de seiscentas páginas. O número pode assustar, mas, afinal de contas, são 110 anos de história. E, graças a uma escrita fluente, a uma boa divisão de capítulos e a uma boa diagramação, a leitura não pesa.  É um livro bem editado (pela Pontes, editora que nasceu da maior livraria de futebol do país, a Pontes, de Campinas, que não tem este nome por conta do clube ou do bairro, mas sim por causa de seu proprietário José Reinaldo Pontes), com páginas num suave tom amarelinho, fotos, boa diagramação, entrelinhamento generoso, etc…

''Ponte Preta,a torcida que tem um time'', conta desde coisas tradicionais nos livros sobre clubes, como a fundação e a construção do estádio, até histórias mais curiosas, como o nascimento da faixa da camisa e a ligação do clube com o anarquismo. Há também biografias futebolísticas dos principais jogadores passaram pela Ponte. Alguns são craques nacionalmente conhecidos, como Dicá e Carlos, outros são famosos apenas para os torcedores do clube (estes geralmente têm as melhores histórias), como Bruninho, Pitico e Ciasca, o goleiro que operava milagres e entendia de ópera (curiosamente, vi este livro na casa de Zé Cabala e ele estava aberto justamente no capítulo sobre Ciasca). E ainda há, claro, um capítulo especial sobre o Dérbi, o maior clássico do interior do país, e que este ano acontecerá na Série B do Brasileiro.

  O primeiro de um é este Timbuktu. E o um é Paul Auster, um autor que não está na minha Série A mas é bem interessante. O livro conta a história de um cão com nome de gente, Mr. Bones, e seu dono com nome de cachorro, Willy, que é uma mistura de artista com homem de rua.

Não é um daqueles livros fofos sobre cachorros. Está mais para pulga do que para lacinho cor de rosa. Demorei um bom tanto para lê-lo. Não é uma daquelas obras em que seus olhos voam pelas linhas e você acorda de manhã já pensando em como serão as próximas páginas. Li o outro livro do mesmo autor com muito mais gosto.

Invisível tem uma estrutura bem interessante. Ele é dividido em quatro partes, e cada parte a narração se afasta do personagem principal. Mas se afasta em relação à feitura, não em relação ao personaghem. Explico. É que a primeira parte é narrada em primeira pessoa, o jovem Adam Walker. A segunda é escrita em terceira pessoa para Adam Walker. A terceira é feita por um escritor a partir de anotações de Adam Walker. E a quarta é contada por uma pessoa que conheceu nosso personagem.

A estrutura é interessante e a história, idem. Ela conta a vida de Adam, um estudante e candidato a escritor de uns vinte anos, e seu encontro com Rudolf Born, de quem não falo nada aqui para não estragar a leitura. Para atiçar, só digo que há amores bem descritos e um assassinato. Li as 270 páginas em uns cinco dias, o que é uma prova de que o livro é agradável. Pelo menos para mim.

  1. Thiago

    20/01/2011 18:15:37

    Ao José Corinthiano ali no início: não me consta que o Corinthians ou qualquer outro time do mundo tenha patenteado, registrado ou sequer inventado essa frase.No dia que a sua Fiel levantar, com as próprias mãos, o quarto maior estádio do país à época, a gente discute.

  2. José Corinthiano

    16/01/2011 00:41:58

    Torcida que tme um time...Vai arranjar seu próprio slogan bando de campineiro folgado.

  3. Torero

    15/01/2011 08:10:25

    Sempre se pode comprar pela internet. Mas deveria ser mais fácil de encontrar do que o Chalaça.

  4. Dennis

    15/01/2011 06:31:38

    Vai se decepcionar. Mas mudando de assunto, tentei comprar O "evangelho de barrabás" em duas livrarias nestas férias. Uma em Blumenau e outra em São Paulo. Não consegui, mas para não passar batido comprei "o Chalaça". Achei muito bom o livro.

  5. Torero

    14/01/2011 22:44:05

    Nunca fiz uma. Seria um bom texto. Borges; Vonnegut, Calvino, William S., e Márquez; Saramago, Llosa, Xavier de Maistre e Sterne; Roth e Eco.

  6. Álvaro

    14/01/2011 18:38:41

    Acabei de ler seu primeiro texto. Perfeito. Seria unanimidade nacional. Mas você sabe que de um time assim, com jogadores assim, pode-se esperar tudo. Até deslizes. Mas que é muito bom de assitir, isso é. Parabéns.

  7. ricardo mondelo

    14/01/2011 17:58:55

    Torero, nem perca o tempo de ver M3 ! Tenho certeza que vc consegue pensar em qqer coisa (qqer coisa, mesmo, é melhor) para fazer. Assisti ao 3 depois da decepção do 2 só por teimosia... É como "higlander", Não tem nada que relacione a primeira idéia (boa) com o que vem a seguir (rídiculo!). Assista algumas reprises do Santos!Abcs

  8. André Bernardino

    14/01/2011 17:53:33

    E vc tem uma seleção internacional?

  9. André Bernardino

    14/01/2011 17:47:54

    Conheci algo do Baudrillard justamente com Matrix. Li A Pílula Vermelha, um ótimo livro com 14 ensaios sobre o filme, um deles falando do filósofo (que, pelo que o livro conta, nega que sua obra tenha algo a ver com Matrix). Nesse ensaio, o exemplo mais citado é o do mapa. Antigamente, a área era a referência. Depois, surgiu o mapa, um simulacro da área. Para Baudrillard, vivemos hj num simulacro do mapa, perdendo conexão com a área (ou a realidade). E o Invisível me lembrou isso.Adoro o primeiro filme, e acho que me acostumei com os outros dois. Quando vi o segundo no cinema, fiquei cheio de espectativas, achando que a realidade do filme tb era um programa. mas aí veio o terceiro e estragou td.

  10. Torero

    14/01/2011 17:21:07

    Não teria. Baudrillard tem mais a ver com Matrix. Aliás, por estes revi o 1, muito bom, e vi o 2, uma decepção. No fim de semana verei o 3.

  11. Torero

    14/01/2011 17:20:14

    Meu time A está aqui (http://blogdotorero.blog.uol.com.br/arch2008-11-01_2008-11-30.html), no dia 29/11/08.

  12. Danyllo Magalhães de Morais

    14/01/2011 16:38:47

    Já que vc mencionou, qual é a sua Série A dos Escritores?Abraços

  13. André Bernardino

    14/01/2011 16:22:31

    Por acaso esse Invisível teria algo a ver com a obra do Jean Baudrillard? Ele diz que nós perdemos a referência do real, de tantos simulacros.

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